A Conexão Maçônica América Latina-Califórnia

Conheça quatro maçons da Califórnia com dupla cidadania maçônica

By Ian A. Stewart

A Maçonaria da Califórnia inclui membros de quase todos os países da Terra, especialmente América latina. Entre eles estão muitos que pertencem ou são afiliados a lojas maçônicas no exterior. Aqui, encontramos um grupo especial de maçons da Califórnia com uma compreensão próxima da Maçonaria na América Latina. —Ian A. Stewart

Maçom da Califórnia: Como você conheceu a Maçonaria na Venezuela?

Oliver Torres: Meu pai era militar, e o comando ao qual pertencia estava estacionado na Villa Santa Inês, que era a casa de Joaquín Crespo Torres, ex-presidente da Venezuela e soberano grão-comandante do Supremo Conselho do Rito Escocês na Venezuela. Eu cresci brincando e correndo por lá, e isso me ensinou muito sobre a Maçonaria. Desconfio que meu pai também era maçom, mas ele nunca me contou nada sobre isso. Anos depois, ingressei em uma loja militar em Caracas, antes de vir para os Estados Unidos. 

A conexão entre a Maçonaria e a história venezuelana é amplamente celebrada?

Na Venezuela, como em todos os países da América Latina, celebramos com fervor nossa história. Quando você lê sobre a revolução, nossos líderes eram todos maçons. Muitos de nossos fundadores, como Simón Bolívar, eram maçons, e seus discursos estão repletos de palavras e ideais maçônicos. José Antonio Páez, herói da revolução, foi grão-mestre da Venezuela. Até nossa bandeira tem elementos maçônicos – as três cores, as sete estrelas de cinco pontas.

Existe algo na cultura da Venezuela em que a Maçonaria se encaixa muito bem?

Para nós latino-americanos, a Maçonaria é mais do que um lugar de fraternidade ou de nos tornarmos homens melhores. Representa uma conexão com nossa história e com nossa família e ancestrais. Ser maçom é uma forma de dar o exemplo para sua família seguir. Significa colocar uma coluna de orgulho que possa sustentar sua família durante as adversidades. Dizer que meu pai ou avô era maçom é dizer que eles eram um exemplo digno de seguir.

California Freemason: Eu entendo que a loja que você se juntou em Belize tem uma história interessante.

Edguin Castellanos: Sim, muitas lojas em Belize eram “quase maçônicas”. Minha loja, Estrela do Rei David Nº 5, pertencia ao Ordem Unida Independente da Mecânica Escocesa. Os graus são muito semelhantes aos da Maçonaria, exceto que os símbolos estão relacionados à mecânica, não aos pedreiros. Usávamos o avental e tínhamos todos os mesmos sinais, e a maioria dos rituais eram os mesmos. Era popular no Caribe e nas ex-colônias inglesas, mas hoje em dia é uma organização moribunda. Então, com alguns amigos do México, que fica 20 minutos ao norte, regularizamos a loja para a Maçonaria. Eu fiz parte dessa mudança. 

Qual foi a maior mudança para você quando experimentou a Maçonaria da Califórnia pela primeira vez?

Em Belize, trabalhávamos em inglês, então quando vim para cá e entrei Panamericana Nº 513, tive que aprender o ritual em espanhol, o que foi um desafio. Eu sabia um pouco de espanhol, mas mais parecido com o que nós  chamar “espanhol de cozinha” — apenas o suficiente para sobreviver. É também um ritual diferente. É semelhante, claro, mas em termos de execução, é um jogo completamente diferente. 

Além do ritual, a experiência da pousada é muito diferente?

Na Maçonaria da América Latina, há uma grande ênfase no trabalho esotérico. Aqui é mais filantrópico. Em nossos países, investimos muito tempo em tudo espiritual e esotérico. Isso é um grande atrativo lá. 

Maçom da Califórnia: O brasil tem uma das comunidades maçônicas que mais crescem no mundo. A que você atribui isso?

Rogério Gomes: Na cultura brasileira, tornar-se maçom é visto como uma forma de crescer pessoal, profissionalmente e como líder. Então as pessoas vêm procurando por isso. Mas quanto mais tempo eles ficam nas lojas, mais eles aprendem sobre os ensinamentos filosóficos e o mistério da Maçonaria, e é isso que os mantém lá. E então, é claro, havia também o Código Da Vinci.

A Maçonaria é muito visível no Brasil?

Absolutamente. A cidade de onde venho tem provavelmente 100 lodges. Em geral, você pode olhar para alguém no Brasil e dizer, eu sei que esse cara é maçom porque ele coloca três pontos na assinatura dele, ou porque ele usa o broche no paletó. Se você estiver dirigindo na estrada e alguém vir seu adesivo maçônico, eles buzinarão três vezes para você, para dizer oi. O Brasil é muito social. As pessoas querem fazer amigos, e esta é uma maneira de fazer amigos.

A Maçonaria no Brasil reflete a herança católica do país?

Ah, sim, a tal ponto que conheço muitos padres católicos que são membros – pessoas muito enraizadas na diocese. Eu diria que no Brasil, a maioria das Lojas leva você a uma jornada muito espiritual para se conectar com algo ainda maior do que você. Isso atrai muita gente. E acho que o catolicismo e os símbolos da Maçonaria têm muito em comum.

Maçom da Califórnia: Quais são as maiores diferenças entre os lodges aqui e no Peru?

Pude visitar lodges em toda a América Latina—Chile, Brasil, México. Eles funcionam muito diferente daqui. Todos eles faça o trabalho muito solenemente. Quando estamos dentro do templo, nos sentamos eretos, pernas juntas, mãos nas pernas. Você não fala quando está no alojamento. E aqui, o ritual é feito de memória. Isso é incrível. Na América do Sul e no México também você lê. Aqui, você tem que ter uma memória muito boa para ser um maçom.  

Então você precisa de permissão para falar no lodge lá?

In América do Sul, não podemos conversar quando a reunião estiver aberta. Ficando em silêncio, aprendemos a ter nossos pensamentos juntos para que, quando tivermos a oportunidade de falar, tenhamos algo significativo para compartilhar. Após a reunião, se um irmão quiser falar, de acordo com sua posição, ele pede permissão ao seu diretor.

Você tem um apreço especial pelas conexões internacionais que a Maçonaria oferece?

Quando você visita uma loja em outro país, você realmente sente a fraternidade. Uma vez fui a uma [loja de mesa] no Brasil com 300 maçons. Quando vim para os Estados Unidos, senti que eram irmãos que eu conhecia há anos. Era a mesma sensação. 

FOTOGRAFIA CORTESIA DE
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